Domingo, 12 de Outubro de 2014

Como falar sobre adoção

Esta semana li esta lista de 10 coisas a dizer e não dizer sobre a adoção. Estava a ler e pensei nas vezes que ouvi algumas destas coisas e o quão desagradavel pode ser. Claro que as pessoas não querem ser desagradáveis, acho que apenas nunca pensaram nisso e muitas das vezes nunca conheceram pessoas que tiveram filhos por via da adoção. Também em conversa aqui há uns dias com outros pais, me apercebi da importância das palavras e de como se diz as coisas. A verdade é que eu também não tinha pensado muito nisso até me acontecer.


Deixo aqui alguns exemplos que me lembro e que tenho ouvido:


1. Esta é que é a tua filha adotada?


O ser adoptada não é uma caracteristica, mas sim a forma como chegaram às suas familias. Uma filha foi adoptada ou (aprendi eu recentemente), chegou por via da adoção, e não é adoptada. Eu tenho 2 filhas, uma por via biologica, uma por via da adoção. Como costuma dizer o Jorge, não há filhos biológicos e filhos adotados, há filhos!


2. Qual delas é mesmo tua filha?


Lembramos-nos sempre de mil e uma piadas que se podem responder. Mas contenho-me sempre. Elas são mesmo as duas minhas filhas!


3. Conheceste a mãe verdadeira?


Nós somos mesmo os pais verdadeiros! Pode dizer-se mãe/pai biológico ou progenitor/a.


4. Ela teve imensa sorte!


Esta ouve-se imenso, sobretudo nos primeiros tempos. Eu respondo sempre que nós é que tivemos muita sorte. E é isso que sinto, e qualquer pessoa que conhece a K. vê que é mesmo assim :). E a verdade é que, como já escrevi, eu tive imensa sorte duas vezes!!!


Por outro lado, ouve-se poucas vezes "Parabéns!" ou "Felicidades!", e outras coisas boas que se dizem quando alguém tem um filho.


5. Voces são mesmo boas pessoas...


Qualquer pessoa que me conhece sabe que boazinha é mesmo um adjectivo que NÃO se aplica a mim (embora o mesmo não se possa dizer sobre o Pappi)... Para mim a adoção foi e é um processo totalmente egoísta, que vem ao encontro do meu(nosso) desejo e vontade de criar uma familia. Revejo-me imenso no inicio deste texto do Jorge (outra vez). Claro que também é um ato de amor, e é preciso estarmos preparados para amar um "estranho" e tornar-nos mães/pais dele, mas isso também é verdade com o nascimento, acontece é de outra maneira.


6. A história de cada criança a ela pertence, e por isso o ideal é não fazer perguntas sobre ela. Eu percebo que as pessoas queiram saber, mas o ideal é esperar pela informação que os pais querem ou acham que devem dar, em cada momento, a cada pessoa. Eu fartei-me de ouvir isto durante as formações que tive, mas só depois de ter a K. me apercebi da real importância disto.


Naturalmente que a adoção tem desafios especificos com os quais tenho que lidar, mas assim é a maternidade, e cada filho traz os seus desafios.


Escrevo este post para que nos deixe pensar na importância das palavras que usamos uns com os outros, e por sentir que se fala muito pouco sobre adoção, ou quando se fala é sempre pelos piores motivos.


Dicas de como enriquecer esta lista aceitam-se!

 

Retirado de Miradouro

publicado por Jorge Soares às 22:24
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Quarta-feira, 18 de Janeiro de 2012

Adopções falhadas

Adopção crianças devolvidas

Imagem de aqui

 

"Ele é muito dócil mas há outra face, ele não queria saber da escola!"

 

Juro que me vieram as lágrimas aos olhos, como é possível?..estou para aqui a tentar verbalizar o que me vai por dentro e não consigo, como é que é possível?, como é que esta senhora tem a lata de vir dizer uma coisas destas para a televisão?  Mudava de roupa todos os dias..e isso é defeito?, teve 3 negativas num período... e isso é motivo para se abandonar uma criança ao fim de cinco meses e meio do período de pré-adopção?

 

Supostamente a imbecil, desculpem mas hoje não vou estar com meias palavras e não me ocorre nenhuma outra forma de me referir a ela, tem dois filhos biológicos, será que eram ambos perfeitos?, tiveram sempre boas notas, nunca se portaram mal, nunca fizeram uma asneira? Nunca os devolveu porquê? Porquê escolheu uma criança que já tinha sido abandonada antes, que viveu uma grande parte da sua vida na expectativa de encontrar uma família,  para a voltar a abandonar e a fazer sofrer?

 

Gostava sinceramente de falar com as assistentes sociais que fizeram a avaliação do processo, gostava de saber como foi avaliada esta senhora, porque entregam uma criança a alguém que está à espera que esta seja perfeita. Não faço ideia da história de vida da criança, mas não é difícil de entender que não terá tido uma vida fácil, como pode alguém estar à espera que ela seja perfeita?..existem as crianças perfeitas?

 

Eu sempre disse que adoptar é um acto de egoísmo, ninguém adopta por querer ajudar as criancinhas, todos adoptamos porque queremos ter filhos, mas um filho não se escolhe, e não se escolhe quando é biológico como não se escolhe quando é adoptado, um filho é uma davida que se recebe de braços abertos e se aprende a amar, com virtudes e defeitos.

 

Entretanto alguém deixou o seguinte comentário na noticia da TVI:

 

"Esta criança no dia em que deixou a instituição para ir com esta família irradiava alegria, felicidade, e sempre o ouvi dizer que queria ser adoptado. Sou voluntária nesta instituição e esta criança já tinha laços com esta família antes de lhe ser entregue."

 

Ainda por cima eles já conheciam a criança desde antes, coisa que não acontece na maioria dos casos, como é que há gente tão anormal que consegue destruir assim os sonhos de uma criança?

 

O mais grave é que estas coisas passam impunes, como dizia a Susana há pouco no Facebook, se alguém abandona um filho biológico é recriminado e  criminalizado, esta gente abandona as crianças desta forma e não só não é responsabilizado, como continua na lista de adopção e há quem lhes entregue outras crianças.

 

Vídeo com a noticia da TVI aqui 

 

Post do meu blog: O que é o Jantar? 

 

Jorge Soares

 

publicado por Jorge Soares às 09:40
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