Segunda-feira, 5 de Outubro de 2009

Adoptar em Portugal.. como as injustiças matam os sonhos

Adoptar em Portugal..e o sonho vai morrendo

Imagem retirada da internet

 

 

Ando há uns tempos a adiar o meu post mensal sobre a nossa espera, durante o verão a nossa esperança por um rápido desenrolar do nosso processo foi crescendo, as noticias eram animadoras.... até ao fim do verão... O verão passou, e nós esperamos. Esta semana a P. ligou para a segurança social de Setúbal, há um ano as perspectivas eram dois anos de espera, agora passou para três.. seria um balde de água fria... não fosse nós já estarmos habituados a este tipo de coisas.

 

Há pouco estava a ler este texto da Susana e fiquei a pensar, em como se matam os sonhos. Porque a verdade é que à medida que o tempo vai passando, o sonho vai morrendo... os sonhos não morrem????!!!!... mas pouco a pouco vamos deixando de acreditar.... vamos tendo menos capacidade para sonhar.

 

O caso da Susana é muito especifico, ela quer uma criança até um ano, e todos sabemos que há muito poucas crianças com essas características, mas nós queremos uma criança até à idade escolar, sem descriminação de raça e deixamos claro que poderíamos aceitar uma criança com alguns problemas de saúde....

 

Entretanto a raiva vai crescendo dentro de mim cada vez que sei de mais um caso de alguém que se inscreveu depois de nós e recebeu uma criança com as características que colocamos.... é uma raiva que vai crescendo devagarinho... é claro que todos estes casos são em Lisboa, mas será justo que as pessoas de Lisboa passem à frente de todo o resto do país?

 

Não me vou estender... só deixo aqui um comentário da mesma Susana

 

"Mais uma vez, ontem vi na SIC no novo programa da Fátima Lopes 2 mulheres que adoptaram crianças uma com 19 mêses e outra com 15 dias. Como é possivel adoptar uma criança com 15 dias? Então não nos dizem que até a criança ter o processo resolvido leva cerca de um ano? A Srª que adoptou a criança de 19 mêses esteve 4 anos à espera, a outra não sei porque não ouvi a reportagem desde o inicio. Ao ver estes testemunhos ainda me sinto mais revoltada e desmotivada."

 

Não há maneira absolutamente nenhuma de que alguém receba pela via legal, uma criança de 14 dias..... será que não há quem investigue estas coisas?

 

 

Porque

não vens agora, que te quero

E adias esta urgencia?

Prometes-me o futuro e eu desespero

O futuro é o disfarce da impotência....

 

Hoje, aqui, já, neste momento,

Ou nunca mais.

A sombra do alento é o desalento

O desejo o imite dos mortais.

 

Miguel Torga

 

Jorge Soares

 

Texto publicado inicialmente no Blog O que é o jantar?

publicado por Jorge Soares às 22:48
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Domingo, 4 de Janeiro de 2009

Adopção:A lei diz seis meses....

Imagem retirada da internet

 

Em Setúbal o tempo não está a ser cumprido e no resto do país ?

A minha própria experiencia, leva-me a afirmar que em Setúbal o tempo de 6 meses estipulado por lei para se avaliar os candidatos à adopção não está a ser cumprido.

E no resto do País como estamos?

Deixe aqui o seu testemunho!

  

publicado por Missão Criança às 21:38
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Sexta-feira, 3 de Outubro de 2008

Queria ser escolhido ....

Criança

 

Acordo bem cedo, mas gosto de ficar ali na cama a olhar para aquele espaço cheio de pessoas, e vazio de memórias... "Será que é hoje?" Não sei quem me ensinou esta frase, esta pergunta, mas sei-a de cor, repito-a todas as manhãs. A verdade é que não sei ainda acredito que o "hoje" pode chegar. "Será?"


Vivo nesta casa há 11 anos, no total dos meus 12. Tenho os colegas, as pessoas que cuidam de mim, a minha escola, mas... Falta-me algumas coisas. Queria um quarto só meu com coisas compradas para mim... Queria alguém se preocupasse realmente comigo, com as minhas notas e que parasse com a sua labuta só para me ouvir contar o que se passou no meu dia. Queria uma festa de anos, com bolo e presentes, com amigos, e quem sabe até com um palhaço? Queria poder jantar à mesa onde se contavam as novidades, historias e ensinamentos. Queria que me ajudassem a fazer os trabalhos da escola, que me ensinassem a andar de bicicleta, a construir pequenas coisas e a jogar à bola... Queria aprender o significado de preocupação, e de carinho. Queria saber o significado da palavra família, e o poder de um abraço. Queria tanto uma historia contada ao deitar, um abraço e um beijo de boa noite...

Sonho acordado com tudo isto, vejo-me a correr, a brincar e a sorrir num jardim grande de um casa bonita. Mas cada vez que apresentam o meu processo a um casal  vem o comentário, "Ele não, que é grande demais, queremos uma criança pequenina..." Nunca a ouvi é verdade, mas imagino que acontece. Os meninos pequeninos vão entrando e saindo, e eu vou ficando vendo aquele transito. Já pensei que ser um bom menino ajudaria, mas fui percebendo que não influencia, sou apenas grande demais... Agora vou ficando aqui até que um dia decidam o meu futuro.

Cátia Azenha

Texto de ficção publicado inicialmente no blog Ticho


publicado por Missão Criança às 10:28
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Domingo, 3 de Agosto de 2008

Espera em família

 

Abraço

Imagem retirada da internet
 
 
Ontem o meu filho dizia-me:
-Disse à minha professora do ATL que vou adoptar uma mana. Ela ficou muito contente!
 
Eu também fiquei contente por ele ter querido partilhar a novidade com a professora…mas por outro lado fiquei a pensar…se a espera não irá ser demasiado longa…E há 10 anos atrás eu esperei sozinha com o meu marido. Foi uma espera silenciosa…Hoje é uma espera partilhada com os meus dois filhos e com o resto da família alargada…Mas, enquanto eu como pessoa aprendi a gerir muito melhor a espera…sinto que a ansiedade que eu vivi na 1ª vez está de alguma forma a ser vivida hoje pelos meus dois filhos…E a ilusão inicial de que talvez a espera não fosse muito longa…existe agora a percepção que talvez esta espera se estenda por vários anos…
 
Se por um lado não faria qualquer sentido partir para uma 2ª adopção sem envolver no processo os meus dois filhos, por outro preocupo-me se vou conseguir ajuda-los a gerir a expectativa e a frustração da espera.
 
 
Patricia Macedo
publicado por Missão Criança às 01:02
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Segunda-feira, 28 de Julho de 2008

A espera:Dia zero

Ma0s

Imagem retirada da internet

 

Ontem foi o dia zero, dia da entrega da documentação na Segurança Social, é curioso, passaram 10 anos desde que iniciamos o primeiro processo de adopção, mas por incrível que pareça, pouco mudou. O local é o mesmo, e ainda que a P. tenha achado que as coisas melhoraram, a mim pareceram-me ... iguais, nem mais nem menos, exactamente iguais. Como é natural, nós mudamos, 10 anos é muito tempo nas nossas vidas, agora não há a ansiedade do primeiro filho, nem a angustia de enfrentar o desconhecido.... agora somos espertos nisto e sabemos o que aí vem.

 

Como dizia, há coisas que não mudam, e o atendimento no serviço publico não muda mesmo, nunca. Chegamos e não havia ninguém para receber as pessoas, e ficamos à espera no patamar da escada, nós e mais 4 ou 5 pessoas que soubemos depois iam a uma reunião, entretanto as funcionárias passavam, viam a aglomeração de gente no patamar..e nem agua vai, nem agua vem.....

 

Por fim, alguém achou estranho a aglomeração de gente no patamar da escada e veio perguntar... depois de encaminhar as pessoas para a sala de reuniões e de perguntar ao que íamos, lá foi avisar que lá estávamos..e continuamos à espera, e entretanto, servíamos de recepcionista e íamos enviando as pessoas que iam chegando atrasadas para a tal reunião....finalmente 20 minutos depois da hora.. lá fomos atendidos. Eu sou pontual, sempre, e claro que me irrita que o mundo não o seja.... mas sei, que neste caso tenho que ferver para dentro... porque a verdade é que estamos nas mãos delas..e não há para donde reclamar.

 

Entregues os documentos, resta-nos esperar, o estado tem seis meses para fazer a avaliação, e utiliza-os até ao ultimo dia, as desculpas são as mesmas de há 10 anos atrás, elas tem muito que fazer... mas vá lá, desta vez temos o numero do processo desde o primeiro dia.

 

A espera

 

Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão poisada sobre a mesa

É então que se vê o passar do silêncio

Navegação antiquíssima e solene

 

Sophia de Mello Breyner

 

Este texto foi publicado inicialmente no Blog O que é o jantar no dia 12 de Junho de 2008

 

Jorge Soares

publicado por Jorge Soares às 18:51
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