Esta semana li esta lista de 10 coisas a dizer e não dizer sobre a adoção. Estava a ler e pensei nas vezes que ouvi algumas destas coisas e o quão desagradavel pode ser. Claro que as pessoas não querem ser desagradáveis, acho que apenas nunca pensaram nisso e muitas das vezes nunca conheceram pessoas que tiveram filhos por via da adoção. Também em conversa aqui há uns dias com outros pais, me apercebi da importância das palavras e de como se diz as coisas. A verdade é que eu também não tinha pensado muito nisso até me acontecer.
Deixo aqui alguns exemplos que me lembro e que tenho ouvido:
1. Esta é que é a tua filha adotada?
O ser adoptada não é uma caracteristica, mas sim a forma como chegaram às suas familias. Uma filha foi adoptada ou (aprendi eu recentemente), chegou por via da adoção, e não é adoptada. Eu tenho 2 filhas, uma por via biologica, uma por via da adoção. Como costuma dizer o Jorge, não há filhos biológicos e filhos adotados, há filhos!
2. Qual delas é mesmo tua filha?
Lembramos-nos sempre de mil e uma piadas que se podem responder. Mas contenho-me sempre. Elas são mesmo as duas minhas filhas!
3. Conheceste a mãe verdadeira?
Nós somos mesmo os pais verdadeiros! Pode dizer-se mãe/pai biológico ou progenitor/a.
4. Ela teve imensa sorte!
Esta ouve-se imenso, sobretudo nos primeiros tempos. Eu respondo sempre que nós é que tivemos muita sorte. E é isso que sinto, e qualquer pessoa que conhece a K. vê que é mesmo assim :). E a verdade é que, como já escrevi, eu tive imensa sorte duas vezes!!!
Por outro lado, ouve-se poucas vezes "Parabéns!" ou "Felicidades!", e outras coisas boas que se dizem quando alguém tem um filho.
5. Voces são mesmo boas pessoas...
Qualquer pessoa que me conhece sabe que boazinha é mesmo um adjectivo que NÃO se aplica a mim (embora o mesmo não se possa dizer sobre o Pappi)... Para mim a adoção foi e é um processo totalmente egoísta, que vem ao encontro do meu(nosso) desejo e vontade de criar uma familia. Revejo-me imenso no inicio deste texto do Jorge (outra vez). Claro que também é um ato de amor, e é preciso estarmos preparados para amar um "estranho" e tornar-nos mães/pais dele, mas isso também é verdade com o nascimento, acontece é de outra maneira.
6. A história de cada criança a ela pertence, e por isso o ideal é não fazer perguntas sobre ela. Eu percebo que as pessoas queiram saber, mas o ideal é esperar pela informação que os pais querem ou acham que devem dar, em cada momento, a cada pessoa. Eu fartei-me de ouvir isto durante as formações que tive, mas só depois de ter a K. me apercebi da real importância disto.
Naturalmente que a adoção tem desafios especificos com os quais tenho que lidar, mas assim é a maternidade, e cada filho traz os seus desafios.
Escrevo este post para que nos deixe pensar na importância das palavras que usamos uns com os outros, e por sentir que se fala muito pouco sobre adoção, ou quando se fala é sempre pelos piores motivos.
Dicas de como enriquecer esta lista aceitam-se!
Retirado de Miradouro
De ana santos a 30 de Outubro de 2014 às 21:54
Nós adotamos duas irmãs há quase, quase seis anos. Uma pergunta a evitar : São mesmo irmãs? Sim,são.
Sim, mas já eram irmãs? E por vezes insistem: Mas tinham os mesmos pais?
Enfim, um horror!!
De ana santos a 30 de Outubro de 2014 às 21:56
Lembrei-me de outra: Mas a mãe deu-as?
De Olívia a 4 de Novembro de 2014 às 15:57
Cá estou eu!
Não esquecer por favor o «coitadinha dela... foi uma caridade que lhe fizeste», o «ah! Até é bonitinha, não é?», «e elas (as irmãs) dão-se bem?» tudo perguntas e afirmações que ninguém tem a coragem de fazer em situações em que não há adopção... mas que insistem em fazer nestes casos...
Olívia
Eu percebo que quando perguntem essa das irmãs se darem bem, esteja subjacente o pensamento de "já que uma é adotada". Mas tenho de dizer que eu pergunto muitas vezes a amigos que têm mais do que 1 filho, em situações onde não há adoção, se os irmãos se dão bem, . Se calhar não devia perguntar; mas nunca percecionei que a pergunta pudesse provocar incómodo... Como não tenho irmãos, sempre me fascinei com o mundo de quem os tinha, das cumplicidades e das brigas.
Eu acho que mais que as palavras empregues, o que conta é o sentido que se lhes pretende dar. Já tive esta salutar discussão com um amigo meu que adotou duas crianças e uma delas é miscigenada, ou como eu digo, mulata, e não vejo mal nenhum nisso. Não preciso de rotular nada, entenda-se, mas um dia em conversa empreguei a palavra "mulata" a propósito da conversa que tínhamos, o meu querido amigo não gostou e disse-me que a expressão era originária da palavra "mula".
Concordo que há palavras ofensivas e perguntas que se devem evitar, mas às vezes, também podemos ter o coração mais aberto ao outro - nem sempre estará mal-intencionado ou com falta de sensibilidade. E quando está, eu sou implacável.
Já na presença das próprias crianças, aí, não há boas intenções que lhes valham. As crianças têm de ser protegidas deste tipo de ferimento. E mesmo que haja boas intenções por trás da afirmação ou pergunta, é agir e pôr as coisas no seu lugar.
De Olívia a 5 de Novembro de 2014 às 20:35
Acho que tem razão, mas uma pessoa perde a paciência e depois mesmo em conversas que parecem normais já estamos a ver o "outro" a julgar e a olhar para nós como se fossemos et's. Se estou a falar com pessoas interessadas e que se mostram receptivas eu falo das coisas com naturalidade, explico tudo aquilo que devo explicar, agora se a pessoa já vem com ideias pré concebidas destas coisas em que na maioria das vezes já nos está a julgar aí tenho pena, mas não consigo ser simpática e dou respostas directas e sem grandes explicações. Mas talvez deva ser mais tolerante afinal ainda há muita gente com boa intenção!
Olívia
De Ana Paula a 29 de Março de 2015 às 13:56
Bom dia,
Para proteger a minha filha de comentários iguaizinhos aos aqui muito bem descritos, disse a todos que ela não sabia de nada apesar de sempre termos falado a verdade com ela.
Assim todos morriam de medo de falar diante dela. Agora ela cresceu e é ela que escolhe a quem dizer. Normalmente a pessoas muito restritas.
Agora ela tem mais idade para gerir todas esses preconceitos (eu acho que são medos dos próprios adultos).
Deixo esta dica. Ajudou a minha filha, pode ser que sirva a outros pais e filhos.
De João a 18 de Março de 2015 às 00:58
Fez no dia 7 de março 5 anos que me inscrevi. Candidatura singular. Sou o João e tenho 47 anos. Pedi um menino dos 4 aos 7. Tudo indica que me vão dar um de 7 ou 8 anos. Acho que estou a entrar na fase do desespero. Acho que 5 anos já é demais. Deus me dê paciência para aguentar mais tempo... até tê-lo comigo.
De CRISTINA FRANCA a 31 de Maio de 2015 às 19:47
QUERO ADOTAR UMA GAROTINHA
Olá , meu nome é Cristina França, tenho 44 anos e eu e meu marido queremos muito adotar uma garotinha recém nascida. Ouço falar e leio muito sobre várias mamães grávidas que desejam doar seus bebês por motivos particulares . Se vc é uma dessas mães e mora em Salvador/Ba, entre em contato conosco. Deixo claro que pensamos em uma adoção consensual, dentro de todos os trâmites legais que envolvem uma adoção.
Somos de Salvador/Ba.
(71) 8866-7233 - Cristina
(71) 8811-7707 - Angelo (marido)
cristinasfranca@gmail.com
De Francisca Fortuna a 7 de Dezembro de 2015 às 11:29
Olá,
Sou jornalista e gostaria de encontrar um jovem adotado que quisesse contar a sua história.
O regime de adoção mudou e agora a partir dos 16 anos um jovem adotado pode pedir à segurança social informação sobre a família biológica, simplificando o processo que que antes passava pelo Tribunal.
Se alguém estiver interessado em contar a sua história entre em contacto por favor: franciscafortuna@gmail.com
Obrigada!
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