Terça-feira, 15 de Julho de 2008

Eu FUI adoptada!

 

Criança

 
Muito bom dia a todos:
Este blog nasceu da vontade de um grupo já considerável de pessoas que pretendem mudar o modo como o resto das pessoas com quem convivem e com quem provavelmente nunca se irão cruzar vêm e actuam perante a adopção. É uma luta que há muito deixou de ser pessoal, que deixou de estar ao favor da protecção de apenas das suas famílias: aqui inspira-se o desejo de defesa dos direitos da criança e da família. Porque é disso mesmo que se trata. Não apenas de um grupo de pessoas que está a tentar melhorar o seu percurso individual.
Há já algum tempo que tinha ficado de deixar aqui as minhas palavras. A maior parte das pessoas que neste momento aqui vêm são pessoas que, por alguma razão, já estão inseridas no mundo da adopção. Mas eu espero que muitas mais venham também a compartilhar de todas as palavras que por aqui irão surgindo. Tenho a certeza que sairão daqui mais ricas, mesmo que só haja uma pequenina onda de mudança.
Eu FUI adoptada. Pretérito perfeito. Fui porque neste momento NÃO sou adoptada. Estou tão plena na minha família como qualquer outra pessoa. Fui adoptada já com quase 4 anos. E sabem que mais? Há algo que me chateia bastante: quando me vêm com aquela conversa de que as crianças que foram adoptadas são crianças difíceis, que são uma “carga de problemas” eu pergunto-me já não terão elas sido capadas de oportunidades o suficiente?? Estas crianças são muitas vezes mais fortes, mais resilientes do que se possa pensar. Vivem à espera de uma oportunidade de serem felizes. Quem somos nós para lhes colocarmos ainda por cima o peso de uma responsabilidade que não é delas? Têm um rótulo escrito na testa? São menos inteligentes, menos bonitas, menos merecedoras de uma família? Não esperam muito de nós. Às vezes é o que sinto à volta, nos comentários, nos suspiros calados. Talvez venhamos a ser delinquentes, prostitutas, com baixo Q.I e graves falhas de personalidade. Ou talvez não.  Sinceramente temos a mesma probabilidade de errar que qualquer outra criança, de qualquer outro adulto. E não pensem que estou aqui a desvalorizar a história pessoal de cada uma dessas crianças que por uma razão ou outra, de uma forma ou de outra foram deixadas para trás. Esquecidas. Física e psicologicamente violentadas. Não. Nunca. Há uma importante parte de nós que nasce daquilo que vivemos. Mas também há toda a possibilidade de crescimento pelo amor. O amor como disciplinador, o amor como o beijo de boa noite e o aconchegar da roupa, o amor como o dizer infinitas vezes que se ama apesar de todas as infinitas vezes em que estão menos bem, ou até mesmo malJ.
É o amor como factor protector. Dêem-lhes o que elas merecem. Oportunidades. Oportunidades de serem melhores pessoas. Dêem-se a vós mesmos a capacidade de acreditar que a vossa capacidade de amar é um principio de um processo de crescimento para ambos.
Susana
PS:imagem retirada da Internet
publicado por Missão Criança às 13:40
link | comentar | favorito
19 comentários:
De Tina a 22 de Outubro de 2008 às 13:02
Acho que foi a primeira vez que li ou ouvi um testemunho na primeira pessoa de alguém que foi adpotado,e digo Foi, poque de facto, o testemunho é prova concreta que já não o é.
Estou à espera de ter 4 anos de casada para iniciar o processo de adopção e encontrei aqui mais uma razão para não ter receios: só precido efectivamente de ter amor para dar, porque a criança/jovem que me será destinada, o terá em abundância para retribuir.
De Anónimo a 2 de Novembro de 2008 às 18:13
Fez-me sorrir:) Passou a mensagem. Obrigada
susana

Comentar post

.mais sobre mim

.pesquisar

 

.Outubro 2014

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

.posts recentes

. Como falar sobre adoção

. Adopção. João tinha uma m...

. Mundos de Vida - Nós pode...

. De que lado está? Saber e...

. Pedido de ajuda em trabal...

. E num só ano a cegonha ve...

. Pedido de ajuda em trabal...

. Eu sou contra a adoção

. Adopção: de novo as crian...

. Mundos de Vida - Crianças...

. Coisas que realmente faze...

. [casa sem mãe é um desert...

. Adopção, ao cuidado de qu...

. O que é um processo de ad...

. Apadrinhar crianças da Gu...

. Conferência a Adopção e a...

. Sobre a adopção internaci...

. Adopção, ao cuidado de qu...

. Conferência: Eu quero ado...

. [uma história de amor] e ...

. Como entrego o meu bebé p...

. Adopção.... é amor!

. Ao cuidado de quem está à...

. Porque é que eu haveria d...

. Adopção, palavras de uma ...

. 1.º Congresso Internacion...

. Movimento Adopção Interna...

. Ainda as adopções falhada...

. Da adoção e da dificil ar...

. Adopções falhadas

.mais comentados

.arquivos

. Outubro 2014

. Agosto 2014

. Maio 2014

. Dezembro 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Abril 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

.tags

. todas as tags

.links

Autenticação Moblig
blogs SAPO

.subscrever feeds