
Quando me perguntaram a primeira vez se não preferia ter tido filhos biológicos em vez de filhos adoptivos reflecti o seguinte:
Mas porque razão iria preferir ter filhos biológicos?
Por acaso sou alguma beleza rara, cuja genética dotou de magníficas capacidades ou de uma inteligência fora do comum? Tenho a inteligência de um Einstein ou os dotes artísticos de um Picasso? Se estas personalidades fizessem questão de ter filhos biológicos eu ainda compreenderia, agora eu?
A mim (e aposto que a 99,9% de todos vocês) a genética familiar não me dotou de nenhuma qualidade fora do comum. Pelo contrário…
O meu avô morreu de ataque cardíaco aos 50 anos, tenho um tio diabético. E os bicos de papagaio da minha tia? Já para não falar na flatulência da minha bisavó (sabe-se lá se é genético!) e nas hérnias discais que parecem passar de geração em geração como rãs de nenúfar em nenúfar…
E o meu mau humor quando acordo?!
Que tipo de ego inflamado nos leva a pensar que os nossos filhos biológicos hão-de ser melhores que os filhos biológicos dos outros?
Ter filhos biológicos para ver o meu rosto reflectido no dos meus filhos? Puro narcisismo! Para isso compro um espelho.
Ainda se fosse a Angelina Jollie...
Ah…é verdade…ela também adoptou…
Os meus filhos se fossem biológicos aposto que nem seria tão lindos! E olhem que até me acho uma giraça!
Ai…e tal… porque as crianças vêem cheias de traumas….(dizem alguns).
E eu costumo responder:
- Traumas tenho eu e não fui adoptada.
E se por acaso tiverem traumas?
Eu cá estarei para ajudar os meus filhos a lidar com os seus traumas e a ultrapassá-los na medida do possível. Não é o que todos os pais fazem?
Se por acaso viesse a ter um filho biológico seria bem-vindo, mas nunca mais amado ou desejado que os meus filhos adoptivos.
Além disso para quê pôr mais filhos ao mundo quando existem milhares de crianças a morrerem à fome e sem família? No mundo actual onde não sabemos se daqui a 30 anos os nossos filhos vão ter água para beber?
Acho bem melhor ideia cuidar das crianças que já cá estão e que precisam de uma família do que colocar mais um ser inocente ao mundo.
Se a sociedade fosse a ideal ninguém teria filhos biológicos enquanto existisse uma criança a precisar de uma família. Ou pelo menos por cada filho biológico teríamos um filho adoptivo.
Mas isso sou eu…que devo ser estranha!
Ass: Uma Mãe
Retirado do Facebook
De Maria Eugénia Pinto a 15 de Abril de 2012 às 22:02
Assino por baixo.... Concordo inteiramente
Maria Eugénis
De Anónimo a 15 de Abril de 2012 às 22:12
As crianças adoptadas tb são filhas biológicas de alguém. Ter filhos é realmente um acto de egoísmo, entre outras coisas! No entanto o que é lamentável não é desejarmos filhos nossos. Lamentável é quem os tem e abre mão deles, quando não lhes faz pior. Adoptar tb é um acto de egoísmo, pelo menos para mais de 90% das pessoas que adoptam. Mas isso não tem mal nenhum. Prefiro que seja um acto de egoísmo que um acto de caridade. As crianças adoptadas não precisam de caridade, precisam de amor. E o amor tb é um acto de egoísmo. Amamos esperando ser amados em troca.
Sou totalmente a favor da adopção, mas não caiamos no exagero de considerar que quem tem filhos biológicos é menos "boa pessoa" que quem tem adoptivos. Sejamos sensatos!
O texto não é meu.. mas sinto-me na obrigação de lhe responder... primeiro porque não está ali escrito em lado nenhum que que adoptar é melhor que ter filhos biológicos.. este texto é só uma reposta a coisas que ouvimos os que adoptamos... não é nem pretende ser mais que isso.. pelo menos é assim que o entendo..e eu até tenho filhos adoptados e biológicos.
Jorge Soares
De Anónimo a 15 de Abril de 2012 às 23:51
Nesse caso acredito que a autora do post se expressou bastante mal. Se olharmos para o texto de forma imparcial, a conclusão que se tira é a que eu tirei.
Eu aceito que uma pessoa prefira adoptar do que ter filhos biológicos, mas tecer uma quase censura a quem deseja filhos biológicos? Um dos meus desejos é adoptar, mas isso não me impede de ter filhos biológicos tb. A ideia que fica é que devemos sentir-nos culpados por termos filhos biológicos quando há por aí tanta criança que nao foi desejada pelos pais como os nossos filhos biológicos foram por nós.
"
Acho bem melhor ideia cuidar das crianças que já cá estão e que precisam de uma família do que colocar mais um ser inocente ao mundo.
Se a sociedade fosse a ideal ninguém teria filhos biológicos enquanto existisse uma criança a precisar de uma família. Ou pelo menos por cada filho biológico teríamos um filho adoptivo.
"
Essa é a sua interpretação, a minha não é essa.
Todas as palavras tem sempre três significados, o de quem as diz, os de quem as escuta e o do dicionário.
Jorge Soares
De Joana a 16 de Abril de 2012 às 21:13
Aceito mas não concordo com algumas coisas que esta senhora escreve. Como sabes, também eu tenho filhos biológicos e um adoptado, mas dizer "Se a sociedade fosse a ideal ninguém teria filhos biológicos enquanto existisse uma criança a precisar de uma família. Ou pelo menos por cada filho biológico teríamos um filho adoptivo. " acho um exagero.
Esta matemática não se coaduna com os afectos e os sonhos!
De Anónimo a 17 de Abril de 2012 às 01:49
Ok, mas acredito que a sua visão e a da autora do post estão um pouco toldadas talvez pelos vossos sentimentos com relação à adopção. Têm toda a minha simpatia, talvez vc não veja assim, mas acho que o post é um pouco tendencioso.
De
sentaqui a 15 de Abril de 2012 às 23:29
Um testemunho fantástico de alguém que não faz distinção entre filho biológico e adoptado.
O importante é mesmo o amor que se dedica a todas as crianças.
De Andreia a 16 de Abril de 2012 às 09:35
Eu penso que está um texto muito bem escrito e não encontro nele nenhum estigma em relação a ter filhos biológicos.
A autora apresenta o ponto de vista dela e só se sente culpado quem nele encontra algum eco. Se não encontrar... está tudo bem!
Estigma está na pergunta frequente: "Não preferias ter tido filhos biologicos?"...
De Anónimo a 17 de Abril de 2012 às 01:56
Eco? de maneira nenhuma.
Parece-me é que houve uma escolha errada de palavras por parte da autora do post. Lá porque eu adoto isso não me dá o direito de julgar quem não adota. Ou de achar que só porque não quis filhos biológicos o resto da humanidade tem que pensar igua a mim. E lá porque tenho filhos biológicos mais uma vez não tenho o direito de julgar quem prefere ter filhos adotados, seja porque não pode ter os próprios, por motivos altruístas, porque não quer estragar o corpo ou por outro motivo qualquer..
De Anónimo a 3 de Novembro de 2012 às 00:48
Ser mãe e a coisa mais maravilhosa do mundo.
Biológico ou adoptado importante e o amor que nutrimos pelos nossos.
Entendi totalmente este texto porque chorei muitas vezes devido a falta de bom senso das pessoas c perguntas como: então quAndo e que tens filhos? (Como se o adoptado não fosse filho). E quando respondia que já tinha um ouvia a resposta: mas esse não e teu mesmo!!
De sandra a 18 de Dezembro de 2012 às 10:34
só não lê ali uma tentativa de comparação e de opinião do que é "melhor", quem não quer: "Acho bem melhor ideia cuidar das crianças que já cá estão e que precisam de uma família do que colocar mais um ser inocente ao mundo."
e é aí que peca, anula o desejo biológico inalienável das pessoas a desejarem gerar
"Se a sociedade fosse a ideal ninguém teria filhos biológicos enquanto existisse uma criança a precisar de uma família."
Eu diria que, se a sociedade fosse ideal: não haveria crianças disponíveis para adopção, estariam com os pais naturais
"Ou pelo menos por cada filho biológico teríamos um filho adoptivo."
bom, aí, esta senhora entra mesmo na esfera individual dos cidadãos, espero que não seja governante pois esta afirmação é completamente perigosa
posto isto: sim à adopção, não às imposições de modo de vida!
De Nina Alves a 19 de Janeiro de 2014 às 02:47
Um texto fantastico, na minha opiniao.
Talvez porque encontre muitos argumentos que, eu mesma, ja me vi obrigada a usar. Digo obrigada porque nao se trata de um simples dialogo mas de uma justificaçao, dada a pessoas que nao entendem ou nao querem entender. Ja cheguei a fase, (devo estar a ficar velha) em que nao justifico nada mas demorei.
Voltando ao tema central, o texto nao é em nada tendencioso. É apenas uma opiniao, que nem sequer tenta ser camuflada, e uma resposta a quem nao entende alguem que prefira a adopçao.
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