Quantas famílias sabem que perto de sua casa existem crianças em instituições que podiam crescer melhor numa família, onde pudessem receber um beijo de bons-dias, ter quem lhes lesse uma história, junto à cama, ao deitar, ou lhes desse, simplesmente, um abraço quando lhes dói a barriga ou arranham o joelho?
Todos nós precisamos de assumir um compromisso claro e firme para uma progressiva diminuição do número de crianças que vivem em instituições.
Desde há mais 20 anos que a situação no nosso país é anacrónica, comparada com a maioria dos países europeus.
Em Portugal, 95% das crianças vivem em instituições (são 8.500 em todo o país), realidade muito diferente do que acontece nos países europeus vizinhos. No nosso país, apenas 5% das crianças separadas temporariamente dos seus pais vivem com famílias de acolhimento, quando em Espanha são 32%, em França 61%, subindo para 72% em Inglaterra.
Este grave problema, em Portugal, até hoje parece não ter ainda roubado o sono a ninguém.
Como escreveu Jesus Palácios, um grande perito internacional, nos centros de acolhimento, as crianças acabam por se tornar invisíveis. E neles acabam por passar muitos anos da sua infância e adolescência. E quanto mais tempo, as crianças passam nas instituições, mais difícil é encontrar-lhes uma alternativa familiar e mais danos acumulam. Infelizmente, ainda hoje muitos entram pequeninos e são logo institucionalizados, permanecendo nos centros boa parte da sua infância, senão toda.
Ou será que, num país tão solidário como PORTUGAL, não existem famílias de acolhimento dispostas a que, já no próximo ano, seja possível que nenhuma criança menor de três anos tenha de passar uma única noite numa instituição, como já acontece em muitos países europeus e em comunidades da vizinha Espanha?
Em Portugal, estas famílias existem, mas é preciso querer e saber procurá-las, cativá-las, prepará-las, apoiá-las e fazer com que a sua experiência seja satisfatória. Para as crianças implicadas, com certeza será.
Então, porque é que há tantas e tantas crianças a viver em instituições?
Isto acontece – também ocorreu, no passado, noutros países - porque apesar da colocação de crianças em instituições ser a medida menos recomendável, ao mesmo tempo, é a mais fácil de gerir. É muito mais simples construir e contratar profissionais para centros de acolhimento do que procurar famílias adequadas e apoiá-las eficazmente. Mas o mais fácil para o Estado nem sempre é o mais conveniente. E quando falamos de crianças que tiveram experiências familiares muito adversas, e que necessitam de vivências reabilitadoras e terapêuticas, a institucionalização é sem dúvida a solução menos desejável. O risco vivido na família biológica é substituído pelos riscos inerentes à institucionalização, que são tantos e cientificamente documentados e que afetam sobretudo o desenvolvimento emocional e a saúde mental, mas também o rendimento escolar e a integração social presente e futura. As instituições não são as causadoras destes problemas, no entanto, também não servem para resolvê-los, contribuindo, não raras vezes, para o seu agravamento.
Haverá quem pense que a melhor solução (acolhimento familiar) é muito mais cara do que a situação menos desejável (institucionalização), para acolher a criança até que regresse para junto dos seus pais. Mas é justamente o contrário. Uma criança num centro de acolhimento é muito mais dispendiosa (mais do dobro do custo) para o Estado. Não se devem promover acolhimentos familiares apenas porque são mais baratos, mas a verdade é que colocar as crianças numa instituição é a alternativa menos desejável e é também a mais cara. Por isso, também não existem desculpas financeiras, para se mudar esta situação, em Portugal, de uma forma muito mais decidida, agora que estamos quase a chegar aos 25 anos da Convenção Internacional dos Direitos da Criança.
Nos últimos seis anos, provamos que é possível, em Portugal, encontrar alternativas familiares, para as crianças que têm de viver separadas temporariamente dos seus pais, por decisão da Comissão de Proteção ou do Tribunal.
A experiência na MUNDOS DE VIDA tem sido extraordinariamente positiva, já encontramos e formamos mais de 90 famílias de acolhimento.
A Beatriz e mais 8.500 crianças, que vivem em instituições, podem ter esperança. Os portugueses são um dos povos mais solidários do mundo. Vamos continuar a trabalhar para que as crianças em Portugal tenham "direito a crescer numa família".
Neste momento, decorre a Campanha Procuram-se Abraços 2013 que visa encontrar mais Famílias de Acolhimento para Crianças, em 10 concelhos dos distritos de Braga e do Porto.
Se gostava de ser família de acolhimento ou de saber mais sobre este tema, visite o site www.mundosdevida.pt, envie um simples email para mundosdevida@mundosdevida.pt ou telefone para 252499018.
OBRIGADO.
Retirado do Facebook
Imagem do Facebook
"Esta é a imagem da campanha "Procuram-se Abraços" 2013 da MUNDOS DE VIDA. Em outdoors, em folhetos, em spots nas rádios e através de vídeos, está na rua, durante dois meses, nos concelhos de Maia, Vila do Conde, Póvoa, Trofa, Santo Tirso, V, N. de Famalicão, Guimarães, Vizela, Barcelos e Esposende. Se gostava de ser família de acolhimento ou de saber mais sobre este tema, visite o site www.mundosdevida.pt, envie um email para mundosdevida@mundosdevida.pt ou telefone para 252499010. Em Portugal, 8.500 crianças vivem em instituições, muitas poderiam crescer melhor no seio de uma família de acolhimento como a sua."
Há coisas que realmente fazem a diferença, esta campanha é uma dessas coisas, porque pode realmente fazer a diferença para muitas crianças que não tendo como projecto de vida a adopção, podem desta forma vir a ter um lugar onde viver fora das instituições e uma família que lhes possa dar o amor a atenção e o carinho que merecem como qualquer outra criança.
Para as pessoas que não vivem nos concelhos em que trabalha a Mundos de Vida mas que tem o desejo de ser famílias de acolhimento, podem dirigir-se à segurança social da sua área de residência e manifestar a sua vontade, há muitas crianças noutras instituições por todo o país que também esperam por amor e carinho.
Por fim, nunca está demais recordar, as famílias de acolhimento não se podem candidatar à adopção e por lei o acolhimento ésempre temporário.
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