Domingo, 18 de Outubro de 2009

Livro:A criança que não queria falar

A criança que não queria falar

 

Sheila é uma menina de seis anos que rapta um menino de três, o ata a uma árvore e lhe prende fogo. É praticamente assim que começa o livro, uma criança que comete um acto irracional e que é condenada a ser internada num hospital psiquiátrico, como não há vagas no hospital, é colocada temporariamente numa escola onde há uma turma de crianças especiais.

 

Nesta turma há uma professora que se interessa realmente pelos seus alunos e que descobre que por detrás de toda a raiva e rebeldia há uma mente brilhante e uma criança como as outras, que simplesmente necessita de carinho e de atenção.

 

Sheila foi abandonada pela mãe que a atirou de um carro em andamento numa auto-estrada, vive com o pai, um homem  alcoólico e toxicodependente mas orgulhoso, num campo miserável e sem condições. Só tem uma muda de roupa que utiliza dia trás dia, mas o pai nega-se a que lhe ofereçam outra, eles não precisam.

 

Este foi um livro que me tocou, porque fala de abandono, de crianças difíceis e dos desafios que se colocam na educação de crianças que foram abandonadas.

 

O abandono é algo que marca uma criança para toda a sua vida, e essas marcas vão surgindo nas diversas fases do seu crescimento, eu sei, porque há coisas ali, poucas felizmente, que vi no meu filho.

 

O livro fala sobre a Sheila, sobre a sua professora, sobre o como ensinar e tratar crianças diferentes, mas fala também sobre o trauma do abandono, sobre as marcas que este deixa nas crianças, sobre as suas fragilidades e sobre como algumas coisas se devem tratar.

 

Há livros que nos marcam pela história, outros pela forma como estão escritos, outros porque os lemos na altura e circunstancias certas das nossas vidas, este livro marcou-me porque sou pai. Um livro que todos os pais adoptivos ou não deveríamos ler e  que todos os professores deveriam ler.

 

Post publicado inicialmente no blog O que é o jantar?

Jorge

PS:imagem retirada da internet

 

 

publicado por Jorge Soares às 20:08
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Segunda-feira, 12 de Outubro de 2009

Adopção:Como a justiça portuguesa pode ser surreal

 Adopção, há coisas na justiça portuguesa que são surreais

 

Há uns tempos escrevi um post que tinha por titulo: Adopção:Sou mãe adoptiva - preciso desabafar,  e que aconselho a irem ler aqui, entre outras coisas aquela mãe dizia o seguinte:

 

"Eu e o meu marido, fizemos o nosso processo de adopção correctamente, através da Seg. social e estivemos quase cinco anos à espera que o telefone tocasse. Temos a viver connosco duas  irmãs já fez um ano. Quando vieram viver connosco, tinham sete e quatro anos. Recentemente, fomos à audiência para a adopção plena e qual não é o nosso espanto, quando o juiz nos diz que por ele estava tudo muito bem, mas que no nosso processo falta um documento - o da autorização dos pais biológicos - e que portanto tinha de pedir ao tribunal onde foi decretado que as crianças iam para adopção, que verificasse se se tinha extraviado, senão teria de mandar a GNR ir à procura dos pais biológicos para obter o seu consentimento!!!! (nesta altura do campeonato!)."

 

Recebi um mail da mesma mãe, que para além de me deixar muito feliz por ela e por aquelas duas crianças, me deixou perplexo, a forma como as coisas se terminaram por resolver é no mínimo surreal e mostra o quanto a nossa justiça mais que depender das leis, depende das pessoas e da forma como estas olham para os assuntos.. vejam lá se isto não é surreal?

 

 

Está tudo resolvido, a sentença já saiu e as alterações de nomes das meninas já seguiram para a conservatória!! 2ª feira já vou pedir as novas certidões de nascimento e fazer a marcação para emissão dos cartões únicos!!! Agora já ninguém mos tira!!!

Agora, quer saber como se resolveu tudo?? Depois daquele inferno para o qual nos vimos violentamente atirados, tivemos a felicidade da juíza ir de licença de parto e o Juiz que ficou com o nosso caso decidir logo que a adopção plena estava decretada!! Já viu?? É óbvio que nós ficámos felicíssimos, mas não deixo de pensar como é incrível poder haver duas decisões tão diferentes, como pode ser uma questão de sorte ou azar, cair nas mãos de um juiz ou de outro!!! Se a senhora não tem ido de licença, nós ficávamos numa situação inacreditável, porque, para cúmulo, como se já não bastasse o medo de qual seria a reacção da mãe biológica, não nos era facultada qualquer informação!! 

 

Eu sei a angustia porque passaram estes pais, nós passamos por algo muito parecido no nosso primeiro processo de adopção, e sei o que pode doer a incerteza do que poderá acontecer... este tipo de coisas não deveria acontecer, é evidente que as leis devem ser cumpridas, mas será que há algum motivo para fazer sofrer as pessoas desta forma?

 

Jorge Soares

Post Publicado no blog:O que é o jantar?

 

publicado por Jorge Soares às 23:31
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Segunda-feira, 5 de Outubro de 2009

Adoptar em Portugal.. como as injustiças matam os sonhos

Adoptar em Portugal..e o sonho vai morrendo

Imagem retirada da internet

 

 

Ando há uns tempos a adiar o meu post mensal sobre a nossa espera, durante o verão a nossa esperança por um rápido desenrolar do nosso processo foi crescendo, as noticias eram animadoras.... até ao fim do verão... O verão passou, e nós esperamos. Esta semana a P. ligou para a segurança social de Setúbal, há um ano as perspectivas eram dois anos de espera, agora passou para três.. seria um balde de água fria... não fosse nós já estarmos habituados a este tipo de coisas.

 

Há pouco estava a ler este texto da Susana e fiquei a pensar, em como se matam os sonhos. Porque a verdade é que à medida que o tempo vai passando, o sonho vai morrendo... os sonhos não morrem????!!!!... mas pouco a pouco vamos deixando de acreditar.... vamos tendo menos capacidade para sonhar.

 

O caso da Susana é muito especifico, ela quer uma criança até um ano, e todos sabemos que há muito poucas crianças com essas características, mas nós queremos uma criança até à idade escolar, sem descriminação de raça e deixamos claro que poderíamos aceitar uma criança com alguns problemas de saúde....

 

Entretanto a raiva vai crescendo dentro de mim cada vez que sei de mais um caso de alguém que se inscreveu depois de nós e recebeu uma criança com as características que colocamos.... é uma raiva que vai crescendo devagarinho... é claro que todos estes casos são em Lisboa, mas será justo que as pessoas de Lisboa passem à frente de todo o resto do país?

 

Não me vou estender... só deixo aqui um comentário da mesma Susana

 

"Mais uma vez, ontem vi na SIC no novo programa da Fátima Lopes 2 mulheres que adoptaram crianças uma com 19 mêses e outra com 15 dias. Como é possivel adoptar uma criança com 15 dias? Então não nos dizem que até a criança ter o processo resolvido leva cerca de um ano? A Srª que adoptou a criança de 19 mêses esteve 4 anos à espera, a outra não sei porque não ouvi a reportagem desde o inicio. Ao ver estes testemunhos ainda me sinto mais revoltada e desmotivada."

 

Não há maneira absolutamente nenhuma de que alguém receba pela via legal, uma criança de 14 dias..... será que não há quem investigue estas coisas?

 

 

Porque

não vens agora, que te quero

E adias esta urgencia?

Prometes-me o futuro e eu desespero

O futuro é o disfarce da impotência....

 

Hoje, aqui, já, neste momento,

Ou nunca mais.

A sombra do alento é o desalento

O desejo o imite dos mortais.

 

Miguel Torga

 

Jorge Soares

 

Texto publicado inicialmente no Blog O que é o jantar?

publicado por Jorge Soares às 22:48
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Quinta-feira, 1 de Outubro de 2009

5 anos de espera no Algarve

 

Chamo-me Ana e sou do Algarve, onde dizem que a adopção é muito mais rápida…
Depois de 2 abortos espontâneos, provocados por fibromiomas no útero e ao fim de muitos anos a sofrer, perdi o útero numa cirurgia. Antes da cirurgia decidimos seguir o espinhoso caminho da adopção.
 
Em finais de 2004, tinha eu 37 anos e o meu marido 29, ficamos com o nosso processo concluído, na altura ficou estabelecido que dávamos preferência a uma criança até 3 anos, caucasiana, sem problemas de saúde e do sexo feminino.
Passado pouco tempo, alteramos o critério do sexo, que seria irrelevante!
 
Neste espaço de tempo, tive alturas em que liguei várias vezes para a equipa de adopção e enviei cartas, sem ter sido dadas quaisquer respostas e tive um período de 2 anos em que não tivemos qualquer contacto com a mesma equipa.
 
Quando telefonamos, o leque de respostas é pouco variado:
“- Não temos tido crianças com esses critérios!” ou “- As características da vossa família não correspondem às necessidades das crianças que têm aparecido!”
 
Em Maio deste ano, alteramos o critério da idade, passou a ser até 5 anos, até à data continuamos à espera que o telefone toque, para entrega de criança.

Quase todos os dias tenho conhecimento de casais mais novos que têm adoptado aqui no Algarve e pelo país fora, crianças com as características pretendidas por nós e sinto-me tratado como cidadã de 2ª, discriminada pela minha idade, se assim é, porque é que não dizem logo nas entrevistas, antes do processo estar concluído, que nunca nos irão entregar uma criança com essas características?
 
Seria muito mais honesto para com estes casais que já sofreram tanto na vida!
 
Ana Dias
 
publicado por Mara_Liza às 12:51
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