Existem em Portugal uma serie de mitos relacionados com a adopção, sinto isso cada vez que falo com alguém sobre o assunto, cada vez que recebo um mail de alguém e mesmo de muitos dos comentários que me deixam aqui ou no nos adoptamos, o mais incrível é que mesmo muitas das pessoas que passam pelo processo de avaliação continuam a acreditar nesses mitos.... e a alimentá-los.
Hoje foi finalmente o dia da primeira entrevista, na altura achamos um pouco estranho que em Julho marcassem a entrevista para Outubro, agora não parece assim tão estranho, desta vez tinham feito mesmo o trabalho de casa, a psicóloga é a mesma do primeiro processo e lembrasse muito bem de nós. Para nosso espanto despacharam hoje todo o processo, as 3 ou 4 entrevistas habituais, ficaram resumidas a esta, duas horas de conversa franca e agradável encerraram o assunto. Teremos que esperar que chegue o bendito certificado de aprovação, mas segundo elas já estamos na lista....resta portanto esperar que algures apareça a nossa menina.
Para assinar a petição por favor vão aqui: Assinar petição
Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República:
PETIÇÃO PARA INSTITUIR O DIA NACIONAL DA ADOPÇÃO DE CRIANÇAS EM 10 DE MAIO DE 2009
Considerando que:
• a adopção de crianças é uma realidade no nosso país;
• existem 11.362 crianças/jovens institucionalizados (dados referentes a 2007 explanados no Plano de Intervenção Imediata do Instituto da Segurança Social);
• é de extrema importância a promoção de um dos direitos fundamentais das crianças – direito a uma família;
• que foram adoptadas, no referido ano, apenas 417 crianças;
• é importante promover a consciencialização da sociedade para o facto de crianças que estão a crescer sem família estão a ser privadas daquilo que de mais importante existe para a sua formação, desenvolvimento e crescimento – o afecto, os laços, a conquista de um colo;
• a adopção pode representar um projecto de vida alternativo à institucionalização;
• que cada criança que seja adoptada é uma criança que, ainda, encontra o seu tempo de ser criança;
vem, desta forma, a Bem Me Queres - Associação de Apoio á Adopção de Crianças, NIPC 507705050, sediada na Rua Santa Justa 265, 2º 4200-479 Porto nos termos do artigo 52.º da Constituição da República Portuguesa, da Lei n.º 43/90, de 10.08, com as alterações introduzidas pelas Leis n.ºs 6/93, de 1.03, 15/2003, de 04.06 e 45/2007, de 24.08, conferir aos cidadãos a possibilidade de exercerem os seus direitos constitucionais de entrega de assinatura da presente petição a submeter à Assembleia da República para que seja instaurado em 10 de Maio de 2009 o DIA NACIONAL DA ADOPÇÃO DE CRIANÇAS, com os seguintes fundamentos:
a) Promover o debate na sociedade civil;
b) Consciencializar a sociedade para esta realidade;
c) Difundir junto das entidades competentes a dramática situação em que vivem as milhares de crianças institucionalizadas;
d) Sensibilizar o poder judicial para uma celeridade dos processos.
A presente petição vai assinada pelos cidadãos abaixo-assinados que aderiram à proposta apresentada pela Associação requerente.
Porto, 9 de Outubro de 2008
Os Peticionários
Para assinar a petição por favor vão aqui: Assinar petição
Imagem retirada da internet
Sou um menino,
Cheguei a um Mundo, perdido,
Perdido de espaços ao meu sonho.
Descobri rostos, que me queriam, sem saber o meu rosto
Quando eu estava perdido, despido do calor da infância.
Encontrei braços de ternura,
Que me enlaçaram de Amor.
Que me conduziram às estrelas.
Eles, que me encontraram,
Que me sonharam, sonhando o meu sonho,
Que me procuraram, para nos realizar.
Eles, que me amaram sem eu saber
Quando eu era um menino, num Mundo perdido.
Eles, que me resgataram à vida,
Correndo um Mundo por mim.
Eles, meu Pai- Sol
Minha Mãe- Lua
Que do céu me guardaram,
Antes mesmo dos seus braços me envolverem.
Correram o Mundo por um filho
E eu ganhei o Mundo pelas suas mãos…
Quando eu era apenas…
Um MENINO DO MUNDO!
Francisca Chixaro
Uma criança é uma criança em qualquer parte do Mundo!
Retirado do blog Meninos do Mundo
Jorge
No dia 3 de Dezembro de 2007, pelas 14 horas e 30 minutos, recebi um telefonema de um nº que não identifiquei e quando atendi percebi que era da Segurança Social, da parte das Adopções. O meu coração ficou logo aos pulos para saber o que ia acontercer.
A senhora do outro lado do telefone, por sinal muito simpática, disse-me que tinha para nos propor uma situação de 2 irmãos, uma menina de 4 anos e um menino de 5. Estas idades saiam do intervalo de idades que nós tinhamos colocado no impresso de candidatura, mas logo na altura as assistentes sociais tinha dado a entender que era dificil darem-nos um bebé pequenino, devido à nossa idade.
Pedi um tempo para falar com o meu marido e estava mesmo a imaginar já tudo, mais 2 filhotes na minha vida,. que fantástico ia ser! Mas o meu marido é bem mais realista do que eu, disse que nesta altura do campeonato, em que estamos prestes a mudar de casa, ia ser dificil incluir mais 2 crianças na nossa vida, com todos os encargos que dai viriam, incluindo roupa (o JD é mais pequeno) e escola (será que conseguiamos coloca-los na mesma escola do Dinis a meio do ano ou iamos ter de andar a correr de um lado para o outro?). Ele tinha razão, tinha toda a razão, eu fiquei logo super entusiamada mas agora não era a altura ideal, com tantas despesas e mudanças que iam acontecer na nossa vida.
Telefonei para a assistente social e disse que não. Expliquei as razões, a mudança de casa, que tinhamos de pensar no nosso filho também. Ela ficou surprendida, não sabia que eu tinha um filho e disse que se soubesse não me tinha proposto estas 2 crianças, pois uma das regras é que o filho bilológico deve ser sempre o mais velho, para não desquilibrar o agregado familiar. Eu já tinha comunicado esta alteração, mas acho que se esqueceram de colocar no meu processo....
Perguntei se pelo facto de ter recusado 2 crianças iria se colocada de parte ou ia para o fim da fila de novo e ela disse que não, ficaria mais limitada a escolha por as crianças terem de ser mais novas que o Dinis, mas mais nada. Fiquei mais aliviada e convicta de que se tivesse aceitado a situação, ao saberem do meu menino, não me iriam entregar as 2 crianças. Mas não consigo deixar de pensar nelas, espero que venham a ter uns pais com tanto amor para lhes dar como o meu marido e eu teriamos para eles. Senti-me quase mãe de novo, entusiasmada e feliz.
Mas não posso impedir que as lágrimas me venham aos olhos quando penso nas crianças que não conheci mas das quais fui quase, quase mãe...
Tenho esperança que o dia em que o telefone toque novamente não demore muito, se não posso ter outro filho biológico, então que venha um do coração, que terá tanto amor à espera dele, que ele ou ela nem consegue imaginar. Filho, filha, estamos aqui à tua espera, não demores muito, está bem?
Acordo bem cedo, mas gosto de ficar ali na cama a olhar para aquele espaço cheio de pessoas, e vazio de memórias... "Será que é hoje?" Não sei quem me ensinou esta frase, esta pergunta, mas sei-a de cor, repito-a todas as manhãs. A verdade é que não sei ainda acredito que o "hoje" pode chegar. "Será?"
Vivo nesta casa há 11 anos, no total dos meus 12. Tenho os colegas, as pessoas que cuidam de mim, a minha escola, mas... Falta-me algumas coisas. Queria um quarto só meu com coisas compradas para mim... Queria alguém se preocupasse realmente comigo, com as minhas notas e que parasse com a sua labuta só para me ouvir contar o que se passou no meu dia. Queria uma festa de anos, com bolo e presentes, com amigos, e quem sabe até com um palhaço? Queria poder jantar à mesa onde se contavam as novidades, historias e ensinamentos. Queria que me ajudassem a fazer os trabalhos da escola, que me ensinassem a andar de bicicleta, a construir pequenas coisas e a jogar à bola... Queria aprender o significado de preocupação, e de carinho. Queria saber o significado da palavra família, e o poder de um abraço. Queria tanto uma historia contada ao deitar, um abraço e um beijo de boa noite...
Sonho acordado com tudo isto, vejo-me a correr, a brincar e a sorrir num jardim grande de um casa bonita. Mas cada vez que apresentam o meu processo a um casal vem o comentário, "Ele não, que é grande demais, queremos uma criança pequenina..." Nunca a ouvi é verdade, mas imagino que acontece. Os meninos pequeninos vão entrando e saindo, e eu vou ficando vendo aquele transito. Já pensei que ser um bom menino ajudaria, mas fui percebendo que não influencia, sou apenas grande demais... Agora vou ficando aqui até que um dia decidam o meu futuro.
Cátia Azenha
Texto de ficção publicado inicialmente no blog Ticho
Imagem retirada da internet
Poucas vezes me recordo do que sonho. Esta noite no entanto, foi diferente.
“Esta noite sonhei com o meu filho. Sonhei que tinha recebido aquela tão aguardada chamada da Segurança Social, e que nos tinha sido proposto um menino de 4 anos. Aceitámos logo, e nesse mesmo dia poderíamos ir buscá-lo ao centro de acolhimento onde ele estava.
Chegámos a casa e contámos à F. e ao A. Ficaram radiantes... Arrumámos o quarto para os rapazes, pusemos lá uma cama nova, passámos na loja para comprar uma cadeira nova para o carro, numa outra comprámos um carrinho de brincar, que embrulhámos com um grande laço azul. Os 4 fomos então buscar o nosso novo mano.
Lá tudo foi muito rápido. O nosso “mano” aguardava-nos sentado num sofá. Sorriu com um sorriso do tamanho do mundo e chamou-me imediatamente de “Mãe”. Abraçámo-nos e viemos todos para casa. Ele nada quis trazer de lá. Queria vir para a casa nova sem nada que lhe recordasse o passado. Lembro-me de pensar que era uma ideia muito avançada para os seus tenros 4 anos.
À saída, vários meninos ficaram com ar choroso a olhar-nos do portão... Fiquei devastada. Apeteceu-me trazê-los todos para casa. Mas não podia...”
Acordei a chorar convulsivamente.
Este sonho foi em tudo diferente dos outros que costumo ter, principalmente pelos pormenores que recordo tão bem.
Acordei com o som do meu próprio choro, as lágrimas a escorrer pela cara, estava angustiada, triste, com tantas e tantas saudades daquele que ainda nem conheço. Nem sei explicar ao certo porque chorava. Ainda só tenho 2 meses de espera, e sei que este é um tempo de incertezas. Pode durar mais uns dias, uns meses, uns anos. Mas no meio desta incerteza, o que me faz doer muito mais o espírito, a alma, o coração de mãe, é o saber que o meu filho ou a minha filha já nasceu, já está por aí, poderá ser uma daquelas crianças de lágrimas nos olhos que eu vi ao portão, observando-me suplicantes. Ansiosas por uma família.
Não sei se tem olhos ou cabelos castanhos ou pretos. Se será menino ou menina. Alto ou baixo. Tímido ou reguila. Não sei se me vai adoptar logo no primeiro olhar ou se nos iremos conquistar pouco a pouco. Não sei se gosta mais de bifes com batatas fritas ou salsichas com esparguete.
Sei que o amo já muito, e que já choro por ele. Sei que já gerimos o espaço em casa a contar com a sua chegada. Sei que o carro novo foi comprado porque este modelo tem mais espaço para as 3 cadeiras no banco de trás. Sei que não sei entender como amo tanto alguém que não conheço...
É esta a dor da espera. É esta a ansiedade que os pais grávidos de coração têm de gerir. A gravidez que não se vê, que não se consegue medir.
Sofia
Sempre sonhei com uma casa cheia de risos e vozes de crianças. Casei com 26 anos e tanto eu comoo meu marido pensamos logo em aumentar a familia.
Masos filhos tão desejados não chegavam e a infertilidade atravessou-se no nosso caminho. Fiz vários tratamentospara tentar ter um filho biológico e um deles quase me deu a resposta aos meus pedidos. Fiquei gravida mas sofri um aborto espontâneo às 7 semanas.
A adopção já tinha sido falada entre mim e o meu marido, mas depois da perda do bebé tão desejado, resolvemos passar dos pensamentos às acções einscrevemo-nos na adopção.
Estavamos em 2002 e nessa altura o simples processo de selecção era muito demorado, pelo que depois das entrevistas com assistentes sociais, psicologas e visitas domiciliárias, fomos dados como aptos para adoptar em Janeiro de 2004.
Durante os primeiros tempos, estava sempre à espera que o telefone tocasse. Quando chegava a casa, ia logo ver o atendedor de chamadas, para ver se tinha novidades. Mas nada...
Em Maio de 2004 e após mais um tratamento fiquei gravida e desta vez correu tudo muitobem,o meu filho nasceu em Fevereiro de 2005. Tornei-me a pessoa mais feliz do mundo, ser mãe é algo que me completou, que me fez sentir realizada.
Mas a casa cheia de crianças ainda não existia e eu e o meu marido resolvemos que por termos um filho biológico não era razão para não termos um ou mais adoptados (porque dissemos que não nos importavamos que nos entregassem 2 irmãos).
O telefone já tocou uma vez e fui quase mãe pela 2ª vez, mas isso é outra história, que vos contarei noutro dia.
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