Terça-feira, 24 de Junho de 2008

Adopção de crianças mais velhas

Crianças

Imagem retirada da internet

 

A grande maioria dos candidatos a adopção escolhe crianças até quatro ou cinco anos.

 

Sabemos, pelos dados da Segurança Social, que um número significativo de crianças encaminhadas para adopção tem mais de seis anos, isto para já não falar das que estão institucionalizadas e que não se sabe qual será o seu projecto de vida.
 
É legitimo que quem deseja adoptar idealize um bebé, ou uma criança o mais pequena possível, e imaginar ir construindo a sua estrutura e acompanhar o seu crescimento e desenvolvimento.
 
Mas já será um pouco mais estranho que esses candidatos aceitem esperar, às vezes durante anos, pelo seu desejado pequenino, sabendo que algumas centenas de outras crianças desesperam nas instituições, cheias de ansiedade e com todo o amor para entregar a uns braços que as acolham para sempre.
 
Também não podemos simplesmente pensar que isto acontece por uma atitude puramente egoísta dos candidatos à adopção, pelo que pessoalmente concluo que, com excepção de alguns casos mais “patológicos” em que existe uma necessidade psicológica de encarar apenas o bebé como única hipótese (normalmente quando a decisão de adoptar é consequência de infertilidade), na maior parte dos casos essa opção será motivada por receios infundados ou ideias preconcebidas resultantes de falta de informação.
 
É evidente que a abordagem inicial de uma criança mais crescida será obviamente diferente, mas isso não significa que seja mais ou menos problemática. Quando institucionalizadas, estão muito mais conscientes da sua situação e desejam muito mais encontrar uns braços que as possam acolher. Podem em muitos casos apresentar um quadro muito mais estável do que uma outra com poucos meses, separada dos progenitores e que ainda não tem capacidade de entendimento do que se passa à sua volta.
 
Adoptar uma criança mais velha pode à partida parecer um pouco estranho, mas talvez seja útil parar um pouco para meditar sobre esse assunto.
 
Antonio3000@sapo.pt

publicado por Missão Criança às 20:00
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Segunda-feira, 23 de Junho de 2008

A minha História

"A propósito do Natal, nesta data recordo-me sempre o dia em que fiquei a saber que os meus pais, não eram os meus "pais de sangue".

Devia ter por volta de uns 6 anos, assistia com a minha mãe a um programa sobre o nascimento de Jesus. A certa altura dizia-se que Jesus era filho adoptivo de José. Eu viro-me para a minha mãe e pergunto-lhe: "o que é filho adoptivo?", e a minha mãe friamente diz-me: "olha, tu por exemplo, és filha adoptiva, não saíste da barriga da mãe, a mãe foi-te buscar a uma casa aonde estavam muitas crianças abandonadas".

Imaginam a minha cara, não? O mundo caiu sobre mim. A partir desse dia nunca mais vi a minha mãe com os mesmos olhos. Sei que esse dia foi determinante para a nossa relação até hoje.

Sim, fui adoptada com 4 anos, não tenho recordações algumas para trás dessa idade, por isso a minha surpresa quando esta "novidade" me foi anunciada. Fiquei triste muito triste mas a primeira pergunta que fiz foi: "tenho irmãos?", "tens um irmão", foi a resposta que me foi dada. Mas afinal tinha 4 e dois bem perto de mim e eu sem nada saber...

Após muitas tentativas e de muitas buscas aos 16 anos descobri os meus irmãos Paulo e Odete que afinal vivam tão perto de mim. Hoje a minha irmã é a minha melhor amiga e o meu irmão, bem, temos uma relação de altos e baixos, muito por culpa da mulher dele e do nosso feitio igual, mas amo-o muito.

Continuo sem perceber, porque perdoar perdoei há muito tempo, porque é que a minha mãe biológica nos abandonou. Conheço-a e não gosto dela, aliás não gostar não é bem o termo, não tenho sentimento algum por ela, é como uma pessoa qualquer e sinto é recíproco...

A minha mãe adoptiva, bem... aos 18 anos saí de casa por não aguentar mais. Hoje temos uma relação, como nunca tivemos. Melhorou muito depois do nascimento do meu filho mais velho, era ela que ficava com ele até ter entrado na escola aos 4 anos. Tenho pena, alguma dor mesmo, por saber que as coisas podia ter sido diferentes se ela não tivesse uma obsessão tão grande por mim, era amor demais, daquele que nos sufoca e não nos deixa viver... Fez de mim a mulher que hoje sou, incutiu-me bons valores, que me impediram de ir pelos maus caminhos, apesar de todas as minhas cabeçadas desde os 18 anos até hoje, penso que sempre tentei e acho que consegui, manter-me digna. E hoje com 2 filhos vejo algumas coisas de maneira diferente, mas o que vivi com ela ensinou-me que tenho que deixá-los fazer as suas escolhas, não deixando de dar os meus conselhos e estar sempre com os braços estendidos quando precisam de mim, que é exactamente o oposto do que fizeram comigo.

Adoptar uma criança e fazer dela a sua filha é um grande acto amor, talvez o maior de todos e no fundo agradeço à minha mãe de coração tudo o que fez por mim e por ter feito de mim uma Mulher!"

 

Escrito aqui em 25-01-2008

 

publicado por Anjos às 11:18
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Uma ansiosa espera!

Nasceu a N. da minha barriga, agora irá nascer um mano de outra barriga, mas que crescerá nos nossos corações. Filho… A tua família espera por ti!!

 
 
A ansiedade mora connosco. A partir do momento em que a decisão de não termos mais filhos biológicos mas sim adoptados entrou na nossa vida vivemos numa constante mistura de sentimentos.
Da ansiedade de reunir os papéis, das entrevistas com psicólogas e assistentes sociais, da visita domiciliária até certificado em como fomos dados como casal adoptante.
 
O “mano” é presença constante nas nossas conversas daí surge a ansiedade…
 
Em nós, que em cada parque infantil ficamos a olhar para esta ou aquela criança a pensar se será assim o nosso filho… Com que idade virá? Será que já nasceu? Mil e uma questão nos passam pela cabeça…
 
Por vezes tenho receio de criar muita ansiedade na N. com a chegada de um mano, se por um lado as suas observações são prova que ela também quer que o mano chegue depressa, por outro parece que a estou a "enganar" porque afinal ainda falta outra vida dela para ele chegar...

Do nada ela sai-se com estas observações:

Um dia a brincar no quintal:

N. - O mano depois vem... e diz "só um bocadinho" depois a mamã deixa o mano ir ao quintal!
Eu - Pois deixa, a mãe deixa...
N. - O mano não tem fato de treino...
Eu - Depois a mãe compra...
N. - O mano não tem, depois mãe compra, depois mano tem!

Preocupa-a o facto de o mano não ter nada lá em casa...Ao inicio era porque o mano não tinha mochila....


Um dia na rua após passar por cão deitado à porta de uma casa:
 
N. – Mamã… eu não quero um cão, quero um mano!
 
Ficamos sem palavras e sorrimos um para o outro, de facto o papá também pensa o mesmo!!
 
Por diversas ocasiões:
 
N. - O mano tá demorado....

Pois, esta como é culpa minha eu fico sem resposta...Passo a vida a dizer que ainda demora.
 
Independentemente de tudo queremos ser felizes e demore o tempo que demorar esperaremos por um filho/mano e afastaremos da nossa vida todos aqueles que tratarem de diferente modo os nossos filhos.
 

“O segredo do amor, eu agora sabia: muito mais que o que gera, mãe e pai é quem cria.” 

(retirado algures na net)

 

 

 

 

 
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publicado por Mara_Liza às 10:35
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Sábado, 21 de Junho de 2008

E nós não estivemos lá sempre…

 

Abraço

Imagem retirada da internet

 

A minha experiência como mãe adoptiva desde há 7 anos, leva-me a crer que uma das grandes questões com que mães, pais e filhos adoptivos têm que aprender a lidar é o facto de não terem estado juntos desde sempre. Têm que aprender a lidar com um passado, passado esse, de que por vezes quase nada se sabe ou apenas se sabe que foi triste e doloroso. Em qualquer das circunstâncias, bom ou mau, conhecido ou desconhecido, esse passado existe e toma por vezes uma grande importância na vida da criança e dos seus pais. Quantas vezes dei por mim a lamentar, por não ter estado ao lado do meu filho desde o primeiro momento, quanta vezes dei por mim a desejar que não tivesse havido “senhora” nenhuma que o tivesse carregado na barriga…mas sim eu própria…quantas vezes, dei por mim a desejar que o fantasma da outra senhora…que paira dentro da cabecinha do meu filho e que por vezes toma forma de vitima e outras de vilã simplesmente se esfumasse…. Mas também sei, que o passado não se apaga com uma borracha…que a dor e as dúvidas que o meu filho sente têm que ser superadas por ele próprio ao longo do seu crescimento. E que a mim mãe, compete-me  estar ao seu lado, para o confortar, esclarecer-lhe as dúvidas quando possível e ama-lo incondicionalmente. Mas amar…é também aceitar o passado e aceitar que não estivemos lá sempre …Mas, estamos agora no seu presente e poderemos estar no seu futuro.

 

Aqui fica um bocadinho da conversa que o meu filho teve comigo aos 4 anos de idade e que ilustra essa dor….

 

- Mãe, vou deixar de comer.

- Mas porquê, meu filho?

- Para morrer.

- Mas porque queres tu morrer?

- Para poder nascer de novo e desta vez nascer da tua barriga.

 

Patrícia Macedo

 

publicado por Missão Criança às 01:03
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Sexta-feira, 20 de Junho de 2008

Quando os bebés vem da casinha e não de Paris

 

Quando trouxeram o N., a R. tinha 18 meses, era uma criança precoce, não tivemos uma única cena, não mudou, não passou a fazer birras, adoptou o mano com a mesma velocidade que o mano adoptou a mãe. É claro que durante uns tempos cada vez que tínhamos alguma visita com bebés, sentíamos que ela ficava na expectativa se aquele também ia cá ficar em casa ou se ia embora com os pais.... afinal, para ela tinham chegado uns adultos um dia com um bebé e foram-se embora sem ele.

 

Quando temos uma criança  com 18 meses e outra com um ano não há muito a explicar, as coisas simplesmente vão acontecendo. Uma das perguntas que as pessoas me fazem mais vezes é, como é que se conta a uma criança que ela  é adoptada?, será que devemos contar?, quando?, e porquê? então e se já existirem filhos biológicos?, como é que lhes contamos a eles?

 

É evidente que para estas coisas não há receitas, cada caso é um caso, cada criança é diferente de todas as outras, e a maneira como os pais encaram o assunto também varia. Existem pessoas que se resistem a contar, ainda há pouco tempo uma das professoras dos meus filhos veio falar com a minha mulher porque tinha uma criança com 7 ou oito anos que era adoptada e não o sabia, os pais não queriam contar e ela não sabia como lidar com a situação.

 

No nosso caso não era fácil esconder, entre uma criança loira e outra mulata não há como esconder, mas tenho a certeza que teríamos agido da mesma forma se fossem ambos mulatos ou ambos loiros, nós simplesmente fomos dizendo as coisas de forma natural e à medida que eles vão crescendo nós vamos acrescentando detalhes.

 

Começamos por explicar à R. que o N. estava numa casinha, porque os pais não podiam cuidar dele e portanto nós ficamos pais dele, a historia da casinha foi-os acompanhando e passou a ser uma coisa natural, tão natural que um dia tinha a R. 3 ou 4 anos, aconteceu que estávamos a ter uma conversa com alguém que  dizia que ter filhos era muito complicado, e problemático, não se sabia se era menino ou menina, depois os quartos, as camas..... e ela vira-se para a pessoa e diz:

 

-Não, isso não é problema, vais à casinha, escolhes o menino e já está, assim não tens esses problemas todos!

 

Com o tempo eles foram crescendo e as coisas foram evoluindo, até ao ponto que o N. quis ir visitar a casinha onde esteve, é claro que a R. também quis ir, e foram, e estiveram montes de tempo e no fim foi difícil convence-los que não podiam trazer para mana aquela menina linda que lá estava e não tinha pais.

 

Entre os 5 e os 6 anos, a R. meteu na cabeça que queria uma irmã, mas não era um bebé, era uma irmã grande para poder brincar com ela sem as implicações do mano.....íamos à casinha ........

 

Isto passou a ser tão natural que o facto de ser adoptado desapareceu completamente, e ainda bem, porque há problemas bem mais difíceis de lidar, como a cor da pele, o racismo,  etc.

 

A minha opinião pessoal, é que o assunto deve ser tratado como algo natural, devemos conseguir mostrar à criança que a adopção é algo normal e que ela é amada da mesma forma, e deve ser algo que cresça com ela. Entendo que quanto mais tarde isto for contado, mais complicado irá ser.

 

Há uns tempos li o livro "Yo soy adoptado", é um livro escrito na Espanha  com 11 histórias de adopção contadas pelos adoptados, em 11, 9 mais tarde ou mais cedo quiseram conhecer os pais biológicos, a curiosidade faz parte de sermos humanos, e acho que é natural que alguém que foi adoptado queira conhecer as suas origens, mesmo que depois sinta que não faz parte daquela historia e não mantenha contactos.

 

Só mais um detalhe, não é possível esconder para sempre o facto de uma criança ser adoptada, na certidão de nascimento que é necessária para o casamento é obrigatório que venha o nome dos pais biológicos, isto para evitar casamentos consanguíneos....

 

Bom, já sabe, quer um filho, vá à casinha, nada de cegonhas nem de Paris ... R. Dixit.

 

JorgeSoares
publicado por Jorge Soares às 19:31
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