Esta semana recebi no meu email uma mensagem que chegou do grupo
Nos Adoptamos e que entre outras coisas dizia o seguinte:
"Estamos a pensar adoptar uma criança entre os 5 e os 7 anos porque há muitas crianças dessa faixa etária por adoptar e porque, pelo menos em teoria, será um processo mais rápido. No entanto, uma pessoa conhecida aconselhou-nos a adoptar uma criança com 5 anos no máximo, porque após essa idade já começam a ter uma personalidade bem vincada e mais dificilmente moldável. Partilham desta opinião? O que é que a vossa experiência vos diz?"
Há pessoas que ainda acreditam que as crianças são moldáveis, está-se mesmo a ver que não conhecem os meus filhos. O meu filho foi-me entregue com 1 ano, tenho uma filha biológica e pelos vistos devemos ser uns péssimos pais, porque cada um tem a sua personalidade..... que por certo são a antítese um do outro, e acreditem em mim, se eu pudesse mudava ambos. No outro dia e ante as queixas das professoras de um e de outro, a P. virou-se para uma das professoras e disse:
- Deus fez um péssimo trabalho com os meus filhos, conseguiu dar a mais a um exactamente o que deu de menos ao outro.
Uma criança é uma criança, não há duas iguais, conheço casos de adopção de bebés que à medida que crescem são uns autênticos terroristas e casos de crianças que foram adoptadas com 6 e 7 anos que são os filhos que todos sonhamos ter.
A Sandra, na sua resposta ao email dizia o seguinte:
"Acho que as pessoas confundem a necessidade de 'impor regras' ou de ' estabelecer alguma disciplina ou organização' com o 'moldar a personalidade' ou 'obrigar a criança a obedecer cegamente'. A imposição de regras, de disciplina ou organização, mesmo com crianças teimosas como a minha ou desorganizadas ou qualquer outra coisa, acontecem naturalmente se lhes explicarmos o porquê dessas regras e disciplina, a função delas, o que acontece se não forem observadas. Não é necessário 'moldar' coisa nenhuma. Nem é necessário, nem sequer é possível. Daí essa observação não fazer sentido.
As crianças com cerca de 5, 6 ou 7 anos, começam é a desenvolver mais e melhor outras capacidades - de expressão, de pensamento abstracto, etc... Agora a personalidade não está em stand by e não se começa a desenvolver com mais afinco a partir de determinada idade!
Outra grande vantagem das crianças mais velhas é que já têm uma compreensão da realidade muito mais profunda e concreta do que as crianças mais novas (resultante do desenvolvimento de competências e não do desenvolvimento da personalidade) que, no meu caso, tornaram toda a integração e adaptação muito, mas muito mais fácil."
Normalmente estou de acordo com a Sandra, desta vez faço minhas as palavras dela... literalmente.
Qualquer criança adoptada passou por um abandono, e isso vai viver com ela para o resto da sua vida. Podemos pensar que as crianças mais pequenas sofrem menos com isso, ou que são menos marcadas, a minha experiencia diz-me que isso não é verdade, o meu filho cresceu com o facto de ser adoptado, e à medida que ia crescendo e tomando consciência do que isso significa, ia reagindo... umas vezes melhor, outras pior, mas é algo que todos tem de enfrentar. Se pensarmos bem, uma criança mais velha já interiorizou o facto, na maioria das vezes já o aceitou e está tão desejosa de uma família, de amor e carinho, que se vai entregar de alma e coração aos novos pais.
Jorge
PS:Sandra, eu sei que plagiar é feio... obrigado
PS:O grupo de mail Nós adoptamos é um grupo de discussão onde participam, pais, candidatos e adoptados.
De Elsa a 7 de Abril de 2009 às 01:11
Andava à procura de respostas para algumas das minhas inquietações, mais precisamente, por parte de quem tivesse adoptado crianças mais velhas. Eu e o meu marido adoptamos dois irmãos em 2005, num processo pessimamente conduzido. O mais velho tinha 10 anos e o mais novo 6, sendo que tinha um atraso global do desenvolvimento. Entre conhecê-los pela primeira vez e virem morar connosco passaram-se apenas 3 dias, por exemplo.
E ao ler esta mensagem anterior, senti que vinha, em parte, ao encontro das minhas inquietações. Por motivos vários, ambos são seguidos por psicólogas e segundo julguei entender da consulta de hoje com a psicóloga do mais velho, parece que a tal interiorização do facto, nomeadamente do abandono, negligência, retirada pela C.P.C.J. e institucionalização para adopção, não se terá dado. Ou melhor, sendo que ele está com 14 anos, a questão estará em entender o «porquê» que é algo muito difícil de explicar. A ponto da psicóloga, a meu ver com imensa falta de ética, ter sugerido sem que nisso visse algum problema que nós, pais adoptivos, averiguassemos do estado de saúde de uma avó biológica...! De qualquer modo, sempre que procuro ajuda ou apoio por parte das psicólogas, a resposta é invariavelmente a mesma: adoptar duas crianças nestas idades...
Já se passaram quase 4 anos desde que o adoptámos e ele ainda não interiorizou o que se passou. O luto pela perda de uma família disfuncional que praticamente nunca existiu como tal, já perdida à partida no seu quotidiano, nunca foi feito. E eu, hoje particularmente, ao ouvir sugestões nas quais nem queria acreditar, como a de tentar saber como está uma das pessoas responsáveis pelo seu abandono, nem sei se alguma fez se fará.
Porque o discurso encaminha-se sempre para: adoptar crianças nestas idades...
O que se passa connosco não será exemplo, com certeza; poderá bem ser uma excepção à regra.
E estou precisamente a falar do meu filho mais velho, que supostamente teria interiorizado o facto. O mais
novo, pelo contrário, parece ter interiorizado mas só o tempo o dirá.
Desculpem o desabafo, mas realmente procurava um qualquer suporte, ou partilha que me ajudassem a lidar com a situação e a ajudar o meu filho.
De Anónimo a 9 de Abril de 2009 às 12:40
Olá!
Também tenho dois filhos adoptados 14 e 13 anos. Ate´ao momento, felizmente, tudo corre com normalidade e estou muito feliz com eles. Já não consigo imaginar a minha vida sem eles.Felizmente até ao momento nynca foi preciso utilizar os serviços de psicologia.
Sâo
De maria a 6 de Julho de 2009 às 19:33
OLÁ...ELSA!!
Pois, fácil não é, mas não é de todo impossivel...
é muito normal sentir receios...
Mude de psicologa se puder...converse muito com o menino, diga-lhe smp, mas smp a verdade...e acima de tudo olhe-o nos olhos...
Não é uma poção mágima, é apenas um pequenino empurrão!
beijinho
Força
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