Segunda-feira, 28 de Julho de 2008

A espera:Dia zero

Ma0s

Imagem retirada da internet

 

Ontem foi o dia zero, dia da entrega da documentação na Segurança Social, é curioso, passaram 10 anos desde que iniciamos o primeiro processo de adopção, mas por incrível que pareça, pouco mudou. O local é o mesmo, e ainda que a P. tenha achado que as coisas melhoraram, a mim pareceram-me ... iguais, nem mais nem menos, exactamente iguais. Como é natural, nós mudamos, 10 anos é muito tempo nas nossas vidas, agora não há a ansiedade do primeiro filho, nem a angustia de enfrentar o desconhecido.... agora somos espertos nisto e sabemos o que aí vem.

 

Como dizia, há coisas que não mudam, e o atendimento no serviço publico não muda mesmo, nunca. Chegamos e não havia ninguém para receber as pessoas, e ficamos à espera no patamar da escada, nós e mais 4 ou 5 pessoas que soubemos depois iam a uma reunião, entretanto as funcionárias passavam, viam a aglomeração de gente no patamar..e nem agua vai, nem agua vem.....

 

Por fim, alguém achou estranho a aglomeração de gente no patamar da escada e veio perguntar... depois de encaminhar as pessoas para a sala de reuniões e de perguntar ao que íamos, lá foi avisar que lá estávamos..e continuamos à espera, e entretanto, servíamos de recepcionista e íamos enviando as pessoas que iam chegando atrasadas para a tal reunião....finalmente 20 minutos depois da hora.. lá fomos atendidos. Eu sou pontual, sempre, e claro que me irrita que o mundo não o seja.... mas sei, que neste caso tenho que ferver para dentro... porque a verdade é que estamos nas mãos delas..e não há para donde reclamar.

 

Entregues os documentos, resta-nos esperar, o estado tem seis meses para fazer a avaliação, e utiliza-os até ao ultimo dia, as desculpas são as mesmas de há 10 anos atrás, elas tem muito que fazer... mas vá lá, desta vez temos o numero do processo desde o primeiro dia.

 

A espera

 

Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão poisada sobre a mesa

É então que se vê o passar do silêncio

Navegação antiquíssima e solene

 

Sophia de Mello Breyner

 

Este texto foi publicado inicialmente no Blog O que é o jantar no dia 12 de Junho de 2008

 

Jorge Soares

publicado por Jorge Soares às 18:51
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2 comentários:
De Maria João a 31 de Julho de 2008 às 11:28
Jorge,

Infelizmente, atrevo-me a dizer que talvez daqui a mais 10 anos continue tudo como encontraste agora.

Um país que não investe na área social, que não investe na família, não consegue perceber o significado da palavra CRIANÇA.

Cada um de nós que se dirige a estes serviços é mais um número, unicamente. As próprias entrevistas são chapa 5.

Passei por duas, com um intervalo de 2 anos e em dois serviços diferentes e não divergiu muito.

Acima de tudo, senti e contínuo a sentir a falta de envolvimento das técnicas, sinto que falaram comigo como poderiam estar a falar com outra pessoa, que estar ali num processo de avaliação para adoptar um filho ou num processo de avaliação para um emprego, a diferença não seria muita.

E este aspecto nada tem a ver com a falta de recursos. Tem a ver com as pessoas enquanto pessoas. Eu também sou funcionária pública e portanto, isto não é um ataque aos funcionários públicos.

Na minha opinião deveria de haver uma total reciclagem das equipas de adopção. Quem integra uma equipa de adopção deveria, também, de estar sujeito a uma avaliação e acompanhamento. A escolha dos técnicos deveria de ser criteriosa. Só por se ser psicóloga ou assistente social, não significa que se reúna os requisitos necessários para integrar uma equipa destas.

Maria João
De era1xeu a 31 de Julho de 2008 às 18:25
Boa sorte e que a tua espera não seja longa, a minha já dura à 6 anos...

Paciência, é o que recomendo, mas imagino que o saibas melhor do que eu

Maria Pereira

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