Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012

Ainda as adopções falhadas e as crianças devolvidas

Adopção

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Há uns tempos num workshop sobre adopção em que estavam elementos de alguns centros de acolhimento, alguém veio falar comigo sobre uma criança de 11 anos que já tinha sido rejeitada e para a que  a segurança social não encontrava candidatos. Entre os muitos candidatos que eu conhecia não haveria alguém disposto a aceitar esta criança?... Por acaso havia, até mais que um... candidatos aprovados pela segurança social e que estavam à espera há anos, vá lá saber-se porque a segurança social não os tinha encontrado. Mais estranho ainda é que mal apareceram os candidatos, a segurança social do distrito onde estava a criança arranjou logo outros do mesmo distrito... vá lá a gente perceber porque não o tinham feito antes.

 

Não era a primeira, nem foi a ultima vez que vi situações destas, raramente aparecem candidatos para crianças maiores de seis anos e muitas vezes a forma de os encontrar é esta... ir perguntando se alguém conhece candidatos que os aceitem...  às vezes eles aparecem e lá se encontra a maneira de convencer a segurança social a permitir a adopção, coisa que nem sempre é fácil, porque as suas crianças são para os seus candidatos.. mesmo que estes não existam.

 

Outra forma é arranjar uma família amiga para a criança, alguém que o visite, que de vez em quando o leve a passar um fim de semana, com o tempo as pessoas afeiçoam-se à criança e terminam por optar pela adopção, pessoas que nem eram candidatos mas que dada a situação da criança são mais ou menos avaliados à pressão e terminam por adoptar. É só mais uma forma de encontrar uma família para crianças que de outra forma nunca a teriam.

 

A julgar por algumas coisas que li, terá sido isto que aconteceu com o Carlos, a criança da reportagem da TVI de que falei no post de há três dias e que foi devolvida, li em mais que um sitio comentários de uma ou várias pessoas que diziam que o casal conhecia a criança desde antes.

 

Apesar de ter passado por dois processos de adopção e de em ambos ter estado bastante tempo à espera, não consigo ser contra este tipo de procedimentos, se há coisa que sempre critiquei é a inércia que existe em muitos dos centros de acolhimento, inércia que no fim se traduz em que as crianças passem a vida institucionalizadas sem que ninguém perceba porquê. É de louvar quando as instituições se preocupam e tentam encontrar uma solução mesmo para aquelas crianças que a própria segurança social já abandonou à sua sorte.

 

É claro que este tipo de situações leva a que as crianças sejam entregues a pessoas que nem sempre foram avaliadas convenientemente, e nem sempre a suposta boa vontade é suficiente para quebrar barreiras. Muita gente vai para a adopção acreditando que está a ajudar as pobres criancinhas e esquecem-se que estas são seres humanos que muitas vezes já passaram por coisas terríveis e quando se deparam com crianças que tem vontade e vida própria não fazem a menor ideia de como enfrentar a situação.

 

Adoptar não é ajudar uma criancinha abandonada, adoptar é ter um filho, com todas as alegrias e tristezas que tem qualquer outro filho e alguns desafios extra com os que vamos aprendendo a viver todos os dias. Adoptar não pode nem deve ser uma questão de bom coração e boa vontade, adoptar não é um acto de caridade, quem adopta tem que começar por entender uma coisa, não há filhos biológicos e adoptivos, só há filhos.

 

Este post saiu um pouco ao lado do que era a minha ideia incial... mas pronto, é o que há.

 

Post do O que é o Jantar?

 

Jorge Soares

publicado por Jorge Soares às 00:09
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16 comentários:
De Manuela Teles a 18 de Julho de 2013 às 14:25
Quem "devolve" uma criança devia ser para sempre impedido de voltar a "adoptar". Não sei o que é pior: ser abandonado, maltratado e ficar sem os pais OU ser "devolvido" como um brinquedo avariado! Confesso-me chocada por saber que é sequer possível "devolver" uma criança adoptada.
De Fátima a 6 de Agosto de 2013 às 17:37
Há seis anos, depois de ter perdido a minha única filha de 19 anos para uma leucemia, resolvemos, eu e o meu marido adotar.
O que fizemos foi com a melhor das intenções, vieram dois irmãos, fizemos os possíveis e os impossíveis para que se sentissem bem na nossa casa, escolhemos para eles os melhores pedopsiquiatras, fomos abandonados pelos técnicos a quem pedimos ajuda, bateram-me. Foram sinalizados e retirados à família (a nós, pais de adoção plena), diziam que não queriam viver connosco, queriam andar na rua, roubar, não ir à escola, a polícia entrou na nossa casa vezes sem conta, hoje um está em Centro Educativo, o outro está em CAT a caminho de C.E. é consumidor de drogas, é traficante, é mentiroso, é manipulador, é mau carácter. Ambos nos ameaçaram de morte, vivemos 7 meses de terror a dormir de porta do quarto fechada. Se ainda espero a reabilitação deles... espero! Mas os próprios técnicos dizem que a lei deles é "Matar ou Morrer". Aceito comentários.

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